sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Sobe o IVA, Desaparecem Ordenados


Portugal acorda hoje para mais uma medida de choque sob a desculpa da tão falada "austeridade" (austeridade que eu já disse não compreender, e que até alguns entendidos em economia parecem concordar que não leva a lado nenhum).

Mas adiante...

Como se não bastassem os reais "cortes" que já temos levado, e as subidas já de si praticamente insustentáveis que se fazem sentir (aumento do preço da electricidade, dos transportes públicos, etc), eis que Pedro Passos Coelho anuncia que vai cortar o subsídio de férias e de natal para todos os que ganhem acima de 1000€ na função pública, em 2012 e 2013.
(E antes que tentem ver o lado positivo, de que é "apenas" por dois anos, já surgiram ameças de que esta medida será mesmo para durar, e que nunca mais se voltará a ver os subsídios extra...)

Nem vamos falar da (in)justiça de alguém que ganhe 999€ face a alguém que ganhe 1001€... (Daí que eu muito goste da noção de "percentagem", que é igual para todos, e quem mais ganha também mais "contribuiria"...) Vamos é relembrar que, para quem tanto apregoa a igualdade com o resto da Europa, e para quem já se esquecia que os nossos ordenados são uma fracção das dos demais países... Com esta medida passamos de burro para... coelho, talvez...

Mas, como uma má notícia nunca vem só, e na óptica da tal "igualdade" europeia, eis que a restauração e produtos alimentares se preparam para ter a taxa de IVA agravada para a taxa máxima. Café, refrigerantes, e outras coisas que tais (excepto o Vinho... deve ser para incentivar a beber para esquecer!)
Sim, vão pagar 23% de IVA numa sopa, mas podem beber um tintol a acompanhar com taxa de iva reduzida...

Há ainda o aumento do horário de trabalho em mais 30 minutos diários para os "privados" - mas isso é algo com que não se precisam preocupar desde já, pois felizmente não é pelo Governo passar a permitir isso que automaticamente tudo e todos implementem, ou concordem com este aumento. Isso é algo que será para ver como resulta na prática - mas imaginando a quantidade de pessoas que com os actuais horários já pouco/nenhum tempo tem para poder "tratar da sua vida", entre ir levar/buscar filhos à escola, etc. etc... Não sei como agora vão querer roubar-lhes ainda mais 30 minutos da sua vida, que representam mais uma dezena de dias de trabalho por ano.

... Eles é que são os especialistas... mas não deixa de ser curioso ver que outros especialistas, noutros países também em crise, como a Grécia e a Irlanda, estejam a fazer precisamente o oposto, e a baixar o IVA para incentivar o consumo e o crescimento da economia!

Não sei quem é que estará certo, ou errado, mas infelizmente é uma situação em que tomar a opção errada terá consequências... imprevisíveis.


... Parece haver apenas uma classe que permanece imune à crise, e que continua a prosperar... como se pode ver pela evolução dos rendimentos dos políticos nos últimos 10-15 anos...

3 comentários:

  1. Socrates e Alberto João Jardim deviam ser chamados à justiça... para que server os orçamentos de estado se esta gente andou a gastar muito, mas muito mais do que era permitido ?

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  2. Eu pensava que já se tinham ido deitam sabendo o que lhes estava para suceder. De facto julgo mesmo que já sabiam ao que este governo vinha quando votaram mesmo quando como candidatos nos diziam que não iriam implementar algumas das medidas que ontem anunciaram.

    Quanto à insustentabilidade de certos aumentos francamente não sei qual a capacidade de adaptação de cada um mas lembro-me bem quando este país importava cerca de 30.000 veículos motorizados ligeiros e chegava (a variação da população não foi de 4x como o aumento das transacções de automóveis).

    Acho mesmo muito estranho que se ache que se chegou ao limite. O aumento de impostos só tem um defeito, ainda não percebi quais os serviços a prestar à população que o estado pretende manter e em que moldes. Ou seja não percebo que cortes estruturais pretende realmente fazer.

    O lobby agricultura/pescas parece que desta vez não perdeu tanto como se chegou a suspeitar. O vinho com taxa intermédia de iva quando o iva da sopa no restaurante passa para a taxa normal é uma daquelas situações cómicas, como uma tentativa de subir as taxas de fraldas descartáveis e manter a dos achocolatados de há uns anos.

    O aumento de 30 minutos do tempo de trabalho diário não é de aplicação automática e provavelmente só se vai sentir verdadeiramente nas nossas sweat shops, nas restantes empresas não acredito. O retirar feriados e fazer bank holydays pode ter maior impacto inclusive no turismo de fins-de-semana alargados.

    No estado actual não sei se haverá respostas certas ou respostas erradas, só depois do jogo se poderão fazer prognósticos. Normalmente os problemas complexos têm que ter respostas complexas que têm continuamente de ser monitorizadas e corrigidas.

    A última frase é algo populista, se um ex-membro do governo for um bom líder não me espanta e eventualmente merecerá que vá ganhar mais quando regressa à vida normal (ganhou uma rede de contactos alargada que pode ser útil à entidade que vai liderar ou co-liderar.

    Aquilo que me irrita é que um fulano sem qualidades tenha sido membro do governo e que à conta da sua rede de contactos alargada arranje um tacho de todo o tamanho (mas aborrece-me ainda mais que tenha sido membro do governo).

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  3. Em relação à inustiça de uma pessoa receber 999€ e outra 1000€, não existe, pois os descontos são progressivos.... Quem ganha 999€ vai receber muito pouco mesmo de subsídio de férias/natal (nem sei se chegará a 10€)

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