sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Governo devia "Piratar"

Vinha eu descansadinho a conduzir para a casa, quando tive mais um momento "Eureka".

Com a "austeridade" a ser a palavra de ordem, e que nos parece levar para uma espiral de suícidio da economia tal como a conhecemos (veja-se o resultado que está a ter na Grécia), não pude deixar de encontrar muitas semelhanças com o que se passa com a pirataria.

Tal como muita gente se sente "justificada" a piratar as coisas que considera ter preços excessivos - quer sejam jogos de computador, músicas, ou bilhetes de cinema - parece-me que as políticas de austeridade apenas fazem com que haja cada vez mais incentivos a que empresários e trabalhadores percam a (pouca) fé que ainda possam ter no sistema.

Vejamos... Imaginemos que o Governo precisava de arranjar (mais) dinheiro, e olhando para os milhares de Portugueses que ainda vão ao cinema, decidia aplicar uma taxa extra em cima dos bilhetes de cinema, passando o seu preço para 100€. Obviamente, ao contrário da receita planeada, o resultado "líquido" seria... zero! Pois todas as pessoas deixariam de ir ao cinema e optariam por ver os filmes em casa. Um pouco à semelhança dos lucros teóricos das SCUTs, que deram origem a que grande percentagem dos automobilistas optasse por procurar caminhos alternativos - mesmo implicando mais tempo a desesperar em filas...

E, como todos sabemos, solução para a pirataria só há uma (como estúdios e empresas de software bem sabem): oferecer os seus produtos a preços que tornem irrelevante a pirataria (como fazem nos mercados orientais, onde filmes e programas são muitas vezes vendidos a preços de "saldo").

Transposto para a economia, em vez de taxaram tudo e todos de forma cada vez mais pesada - o que levará a que todos cortem ainda mais no que compram; e procurem "fugir" o mais possível - parece-me que a solução deveria ser exactamente o oposto. Deviamos incentivar a criação de novos empregos, e fazer com que valesse a pena ganhar dinheiro... que depois poderia ser gasto, fazendo funcionar o "sistema", e onde as pessoas nem se importariam com a parcela que vai directamente para o estado.

De outra forma... hoje é a Grécia, daqui por uns meses seremos nós... e daqui por uns tempos nem Euro teremos. E depois enquanto os velhos Eurocratas andarem a reclamar uns com os outros em Bruxelas e a atirar culpas de um lado para o outro, já o Mundo estará centrado do outro lado do planeta, numa China que fará Europa e EUA parecerem velhos pobretanas acabados que continuam a viver em ilusões de grandeza de épocas passadas...

2 comentários:

  1. O problema é que tb traria uma forte diminuição na receita. E o estado precisa dele. Muito!

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  2. Para gerar receita é preciso haver consumo. E para isso dinheiro para gastar. E se se gastar pouco por haver pouco e mais taxas se tirar desse pouco, então pouco se consome. Isto entra em espiral e de lá não se sai. Pensamos nós, e mal. Porque a base de tudo isto é o dinheiro e quem o controla, e convém a esses que a coisa seja boa para o seu lado, que haja sempre quem do dinheiro dependa e seja escravo da crise, porque sem crise não se gera dinheiro. Melhor, com inflação alta é que os bancos ganham. E uma deflação leva a perda de valor da moeda e isso não convém aos bancos, levando a uma constante inflação forçada.
    Enfim, isso para dizer que concordo plenamente com o poder de compra ser devolvido a quem pode e irá fazer sair da crise, o povo, com dinheiro e poder de compra.

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