Do IgNobel ao Nobel

Não é todos os dias que um vencedor de um Ig Nobel se torna num vencedor de um prémio Nobel "a sério", mas foi o que aconteceu.

Em 2000, Andre Geim ganhou um Ig Nobel por ter feito levitar um sapo com imans. Dez anos depois, ganha um prémio Nobel da Física por causa do material grafeno, um material bi-dimensional que tem a espessura de um único átomo de carbono.

Fica demonstrando que afinal, até as experiências consideradas "estúpidas" fazem parte do processo evolutivo da ciência.



Quem poderá dizer que os IgNobeis deste ano não terão semelhante sorte daqui por alguns anos?

Temos engenheiros que aperfeiçoaram sistemas de recolha de ranheta de baleia usando um helicóptero tele-comandado; tratamentos anti-asma através de viagens de montanha-russa; experiências de que usar as meias por forados sapatos faz cair menos nos caminhos com gelo; a confirmação de que dizer asneiras reduz a dor; estudo sobre que micróbios se agarram às barbas dos cientistas; e até uma demonstração matemática de que uma organização seria mais eficiente se promovesse empregados de forma aleatória; entre outros...

Os Ignobeis do Ano

E tal como os Prémios Nobel atraem multidões, também os "ignóbeis" merecem destaque.

(Para quem não sabe, os Ig Nobel são os prémios atribuídos às coisas mais disparatadas e surrealistas que possam imaginar, nos vários campos da ciência, literatura, etc.)

• Nutrição: Massimiliano Zampini e Clark Spence por demonstrarem que, alterando som de uma batat frita ao ser comida, a pessoa pensa que a batata é mais fresca e estaladiça do que realmente é.
• Paz: O Comité Federal Suiço de Ética no campo da Biotecnologia Não-Humana por adoptarem o princípio legal de que as plantas têm dignidade.
• Arquelogia: Astolfo G. Mello Araujo e Jose Carlos Marcelino por demonstrarem que um Tatu pode danificar uma escavação arqueológica.
• Biologia: Marie-Christine Cadiergues, Christel Joubert, e Michel Franc por descobrirem que as pulgas num cão saltam mais alto que as pulgas num gato.
• Medicina: Dan Ariely por demonstrarem que placebos caros são mais eficientes que placebos de baixo custo.
• Ciência Cognitiva: Toshiyuki Nakagaki, Hiroyasu Yamada, Ryo Kobayashi, Atsushi Tero, Akio Ishiguro, e Agota Toth por descobirem que organismos unicelulares podem resolver puzzles.
• Economia: Geoffrey Miller, Joshua Tybur, e Brent Jordan por descobrirem que o ciclo ovulatório de uma dançarina exótica afecta as gorjetas que recebe.
• Física: Dorian Raymer e Douglas Smith por provarem matematicamente que uma pilha de cabelos ou fios inevitavelmente se misturará e acabará por dar nós.
• Química: Sharee A. Umpierre, Joseph A. Hill, e Deborah J. Anderson por demonstrarem que a Coca-Cola é um espermicida eficiente, e Chuang-Ye Hong, C.C. Shieh, P. Wu, e B.N. Chiang por descobrirem que a Coca-Cola não é um espermicida eficiente.
• Literatura: David Sims pelo seu estudo "You Bastard: A Narrative Exploration of the Experience of Indignation within Organizations.”

[The 2008 Ig Nobel Prize Winners]