quarta-feira, 16 de maio de 2012

Os Postos de Recarregamento para Automóveis Eléctricos


Os jornais de hoje dão-nos uma melhor perspectiva dos resultados práticos da forte aposta que o nosso país fez nos automóveis eléctricos. Uma aposta feita com grande pompa e circunstância, e com diversas parcerias com grandes fabricantes mundiais, e que prometia que Portugal seria um pioneiro no abandono dos combustíveis fósseis nos automóveis...

Passados alguns anos, poderá dizer-se que os resultados... não existem. A tão apregoada rede eléctrica de postos de recarregamento espalhada pelo país até pode parecer bem conseguida no papel, mas quem se dirigir a um destes postos com a esperança de recarregar o seu automóvel tem cerca de 50% de hipóteses de dar com um posto que efectivamente funcione. É que dos 1000 postos existentes, quase metade está inoperacional.



Por outro lado, quando um dos condutores de um automóvel eléctrico encontrar um posto que realmente funcione, o mais provável é que este esteja com um automóvel "normal" lá estacionado. (Algo que infelizmente já pude constatar por diversas vezes... pois sempre que passo por um destes postos, está lá um automóvel "não-eléctrico" estacionado... o que me faz temer pelo ânimos exaltados que se possam gerar, e que no mínimo mereceriam um autocolante "educativo" colado nesses veículos conduzidos por pessoas tão civicamente conscientes.)


Vale-nos que os condutores de carros eléctricos são poucos - apenas 250 ao que parece - mas não servindo isso de desculpa para que os postos existentes não funcionem, e para que a falta de civismo ocupe os seus lugares (a mesma falta de civismo que faz com que tantos "anormais" estacionem em muitos outros locais de estacionamento reservado a pessoas com deficiência, etc.)


Sendo eu um forte proponente dos veículos eléctricos... é com tristeza que olho para estas situações. Números que revelam a fria realidade de que a utopia dos automóveis eléctricos estava condenada ao fracasso desde o início. Quem é que no seu perfeito juízo poderia esperar que automóveis eléctricos com autonomia reduzida pudessem ser atractivos para o público em geral? Ainda para mais quando esses mesmos automóveis demoram horas a ser recarregados; e... pior ainda, custam bastante mais que os outros automóveis? (E nem vou entrar no capítulo da longevidade das baterias, que ao final de alguns anos poderia representar avultadas despesas....)

Até que novas soluções técnicas surjam, a única solução realmente viável é o conceito utilizado por automóveis como o Opel Ampera com extensor de autonomia. Basicamente, um automóvel 100% eléctrico... mas que conta com um motor de combustão que serve como gerador eléctrico para recarregar as baterias sempre que necessário. Poderá parecer um contrassenso, mas no momento actual é a única solução que permite conciliar as vantagens da propulsão eléctrica com a liberdade e versatilidade de não estar limitado a postos de recarregamento eléctricos avariados ou ocupados por outros veículos, podendo utilizar qualquer posto de abastecimento comum. (Mas mesmo assim, continua a não uma proposta não muito atractiva face ao preço dos veículos tradicionais.)

O perspectiva de um país "eléctrico" e livre de combustíveis fósseis é algo que infelizmente parece estar relegado apenas para a terra dos sonhos; por agora e pelas décadas vindouras...

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