segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Mulheres Histéricas e Vibradores

Agora aqui está um artigo que fez com que a minha percepção de "histeria" nunca mais fosse a mesma. (Fui dar com ele graças ao Conversas do Bruno)

A acreditar no mesmo, a profissão de médico no século 19 parecia ser bem mais divertida que a actual - dependendo de quem aparecesse à porta do consultório.

Tudo isto porque, uma vez que se acreditava que as mulheres não tinham apetite sexual, a sua "satisfação" não era tido em conta, causando grandes frustrações nas mesmas - que originavam a tal "histeria". (Aliás, "histeria" deriva da palavra Grega para "útero")

Queixas crónicas, ansiedade, insónia, irritabilidade, fantasias eróticas, e vagina húmida, tudo isto eram sintomas da histeria feminina - que não passava afinal de "falta de peso".

No entanto, não se pense que os homens eram insensíveis a estas questões.
No século 13, os médicos aconselhavam o uso de dildos - oh oh, e pensavam vocês que dildos eram coisas modernas...
Pelo século 16, as coisas já tinham evoluído, e as mulheres "histéricas" eram incentivadas a provocar o desejo dos seus maridos. Para mulheres solteiras, viúvas, e restantes histéricas, aconselhava-se uns passeios a cavalo, que por vezes provocava estimulação suficiente para que atingissem o orgasmo.
(Estou mesmo a ver as conversas: "Ò marido, espera aí um bocado que vou dar uma volta de cavalo...")
Mas o cavalo nem sempre satisfazia, e no século 17, com a evolução dos "bons costumes" - e apregoando-se que a masturbação era uma coisa demoníaca - os dildos deixaram de ser uma opção. No entanto, a lei da procura e da oferta logo se encarregou de arranjar alternativa politicamente correcta: massagens genitais proporcionadas por médicos ou parteiras.
Agora sim, havia "profissionais" interessados em curar as mulheres de toda aquela "histeria", estimulando o clitóris e proporcionando um intenso e libertador "paróxismo", a que ninguém chamava orgasmo - porque como toda a gente sabia, a mulher não tinha dessas coisas!

No século 19, o "paróximos"assistido por médicos era um negócio firmemente enraizado na sociedade. Embora muitas condições médicas tivessem curas duvidosas, a "histeria" era um caso que se curava com resultados visíveis - com muitas mulheres regressando regularmente aos consultórios, em busca de nova "dose".
No entanto, e voltando ao assunto inicial, tudo isto tinha um grande inconveniente - os dedos dos médicos muitas vezes não tinham endurance suficiente para "curar" toda a gente. E como a necessidade é mãe de todas as invenções, isto deu origem a artefactos movidos a água e vapor - mas que eram pouco práticos, e por vezes até perigosos.
Só com o aparecimento da electricidade em 1880, foi inventado o vibrador electromecânico, patenteado por um médico inglês, Dr. Joseph Mortimer Granville. Para colocar as coisas em perspectiva, o vibrador foi inventado mais de uma década antes do aspirador, e do ferro de engomar eléctrico.
No entanto, foi o início do fim do "profissionalismo" médico. Com os vibradores a estarem acessíveis ao grande público a preços acessíveis, as mulheres podiam agora tratar da sua "histeria" em casa, à sua vontade. No início do século 20, os vibradores eram anunciado em todas as publicações como um objecto bem apreciado pela sua utilidade.
No entanto, com o aparecimento do cinema, os vibradores começaram a ser usado em filmes pornográficos e rapidamente perderam o seu estatuto social. Os anúncios desapareceram, e até à década de 70 era praticamente impossível encontrá-los.

Actualmente, estima-se que cerca de 25% das mulheres tenham um vibrador.

Da próxima vez que o usarem, lembrem-se que se não fossem os dedos cansados de um médico no fim do século 19, talvez a história fosse outra.


Se alguma das nossas leitoras, com mais de 120 anos, quiser dar o relato em primeira mão de como as coisas se passavam no início do séc. XX, agradece-se! :)

3 comentários:

  1. Já conhecia a história. Mas vale sempre a pena reler!

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  2. Eu não conhecia, mas... assim sendo... não sei porque continua a haver tanta a gente a querer ser médico.
    :)

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  3. Não conhecia a "HISTÓRIA DO ORGASMO FEMININO"... interessante... Carlos, eu acho que Ginecologista deve ser uma profissão tão chata...tudo demais enche ou mata.. imagine vc TODO SANTO DIA, de SEGUNDA A SEXTA, vendo 5,7,10 pernas abertas para vc mostrando as partes mas sem que vc possa fazer nada daquilo que passa pela sua cabeça!... È de deixar o cara louco ou perigosamente desesperado...

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