domingo, 21 de julho de 2013
Atropelamento e Fuga de Ciclista na Quarteira
Não era o que tinha planeado para este fim de noite de mais um dia de férias. Depois de uma recomendação para dar um salto à Quarteira para experimentar um gelados numa gelataria, e depois de algumas voltas para estacionar, quis o destino que acabasse por ficar no local certo à hora certa, para assistir a algo bastante errado. Depois de ter estacionado o carro num lugar bastante estreito que me obrigou a algumas manobras para conseguir tirar a cadeira de bebé do assento de trás (estes senhores que determinam o espaço de estacionamento para cada carro deveriam aprender umas noções básicas de que os carros têm portas tem interesse poder abrir-se), eis que o alívio de o ter conseguido fazer foi inesperadamente preenchido pelo tristemente habitual barulho de um automóvel a travar bruscamente e a derrapar durante aquele período que parece interminável e que habitualmente acaba com um estrondo!
Poderia não ter passado de um susto, mas desta vez o estrondo concretizou-se, e quando os meus olhos tentam descobrir quais os veículos azarados eis que o que vejo é alguém a voar na minha direcção, estatelando-se no chão a pouco mais de 2 metros de distância de mim, com uma bicicleta distorcida logo atrás.
O pensamento do que estaria a ver nem sequer se chegou a concretizar pois o automóvel envolvido acabava de (finalmente) se imobilizar praticamente à minha frente, e novamente naqueles momentos que parecem acontecer em câmara lenta, deu para perceber que tipo de pensamentos passavam pela mente daquele condutor... Ainda lhe gritei "não saias daí", antes daquilo que temia acontecer: acelerando violentamente e colocando-se em fuga, enquanto uma multidão em choque se ia acumulando, e em voz alta se repetia a matrícula do veículo enquanto outros tentavam desesperadamente ligar para o número de emergência.
O atropelado estava em muito mau estado, sendo que dentro do seu infortúnio, acabou por ter a sorte de quase imediatamente ter pessoas da área médica que fizeram o melhor que sabiam: uma enfermeira, um técnico do INEM.
Pouco depois começaram a chegar mais pessoas que disseram que uma brigada da polícia que estava mais à frente tinha seguido em perseguição do veículo - enquanto começavam a surgir pessoas que conheciam a vítima, mas que não falavam português, nem inglês, e estavam igualmente em choque para qualquer tentativa de comunicação "eficiente".
... Os pensamentos voavam. Nem sequer estava em causa se a "culpa" seria do condutor ou do ciclista (que estaria a atravessar uma passadeira na bicicleta). Independentemente de quem tenha razão ou não, quem irá sofrer as pesadas consequências físicas é quem ficou estatelado no chão... assumindo que o caso não assume contornos ainda mais trágicos. Não pude deixar de pensar noutros casos idênticos, e de me revoltar contra quem pensa poder estar envolvido em tal situação e fugir como se nada fosse. Admito que em momento de pânico não se tomem decisões racionais, mas no mínimo dirigir-se-ia à esquadra mais próxima para relatar o sucedido, em vez de estar a ser perseguido pela polícia (e conseguir escapar-lhes).
Tendo um caso bem próximo de alguém que também seguia na sua bicicleta quando um desconhecido lhe mudou a vida sem ter a decência para parar e dar assistência - resta-me, em género de consolo moral, desta vez ter estado presente e servir de testemunha para identificar o responsável!
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E conseguiram a matrícula desse infeliz ?
ResponderEliminarSim, matrícula, descrição da pessoa e veículo, etc.
EliminarEspero que nunca me aconteça (como toda a gente deve esperar), mas era incapaz de me ir embora e deixar uma pessoa sem auxilio.
ResponderEliminarAté porque mais que não seja para o meu seguro lhe pagar as despesas de saúde...