Parolices de Verão

O Algarve pode ser um pequeno paraíso para milhares de Portugues, oferecendo bom tempo e refúgio da vida de trabalho do resto do ano. Infelizmente, não é imune a uma praga que - não sendo exclusiva desta área - também aqui se parece concentrar nesta época de férias e Verão: e refiro-me aquele tipo de pessoas que parece pensar que todos os outros se deverão vergar perante a sua presença.

Estes "seres" são o tipo de pessoas que, numa praia com centenas de metros de areia livre, parecem ser atraídas para o exacto local onde vocês estão, "acampando" de armas e bagagem a menos de um metro de distância de onde estiverem. Mais um pouco e quase esticariam as tolhas por cima das pessoas que já lá estavam.

Mas não se pense que é gente dos extractos sociais mais baixos! Pelo contrário... pavoneiam-se e fazem questão de falar aos sete ventos que estão no hotel XPTO que custa X por noite, e que por lá irão ficar Y noites.
Como muitos outras criaturas do reino animal, estes seres deslocam-se em manada, e parecem apenas prosperar em grupo - onde um acampa logo de seguida chegam mais umas dúzias, "envenenando" a área de tal modo que um qualquer ser humano normal (e leia-se normal no sentido "literal" da palavra) terá que se retirar sob pena de ser assolado por pensamentos homicidas - ou suicidas, dependendo do caso.

Mas não é só na praia que estas criaturas metem nojo. No Hotel, são o tipo de pessoa que desde cedo "marcam território" na piscina, pousando as toalhas (do Hotel) nas espreguiçadeiras... mesmo sabendo que vão passar o dia fora e só lá irão esticar-se uns minutos ao fim da tarde. Claro está, vale que a gente do Norte - ou qualquer outra pessoa com um pouco de tino - é imune a estas tácticas, e vendo uma piscina vazia repleta de cadeiras com toalhas abandonadas, escolhe qualquer uma delas e, retirando cuidadosamente a toalha lá colocada, pousa a sua e usufrui do local a seu bel prazer.

Estes seres, que vêm para as ferias com amas para aturar os seus filhos (afinal, nada como as férias para poderem passar tempo com os filhos, não?) e os tratam por "você" preferem igualmente ir para as suas jantaradas nos locais mais "in" da noite, deixando as dúzias de teenagers com as hormonas ao pulos por sua conta e risco, fazendo barulho até altas horas da manhã e - até chafurdando na piscina durante a madrugada.

Uma vez mais, esta ausência de regras rapidamente é reposta ao primeiro berro autoritário dado - não pelos seus pais, que estarão sabe-se lá onde - mas novamente por uma qualquer outra pessoa com mais de dois neurónios em funcionamento, e que tem que fazer o papel de pai destas criaturas e mostrar que há limites para tudo.

... e pronto, deixo a minha crónica por aqui, pois até já gastei mais tempo do que queria a falar destas tristes criaturas que até nos fazem ficar de boca aberta ao ver como pensam estar acima da restante sociedade. Felizmente, essa mania das "alturas" rapidamente é trazida de volta à terra, tal como um alfinete mostra a um balão que as coisas sem conteúdo dificilmente podem manter as aparências por muito tempo.