quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Portugal Cura Deficientes

Por muito que eu pense que já nada me surpreende, regularmente sou confrontado com situações que me deixam pasmado e de boca aberta.

Estava eu a pôr a conversa em dia com um amigo meu, quando ele me começa a contar a aventura em que se meteu.

O irmão dele perdeu o braço num acidente de trabalho há alguns anos, e como tal tinha direito a umas isenções nos impostos quando comprou um automóvel adaptado à sua deficiência.
Ora, até aqui nada de novo: é o que se chama de discriminação positiva, e acho que ninguém tem nada contra.

Infelizmente, parece que os azares não o largam e há uns meses atrás teve um acidente grave enquanto conduzia (em que o carro foi para a sucata) - pelo que se viu obrigado a procurar um novo automóvel.

Lá se decidiu por um utilitáriozito, encomendou (aquilo demora mais uns tempos para ser feitas as adaptações necessárias à condução com um só braço) e eis que agora...


Como o tempo é de crise, a tabela de graus de deficiência parece ter sido reformulada recentemente.

Ou seja, resumindo, o rapaz que era considerado "deficiente" é agora considerado "não-deficiente" - não tendo direito a qualquer "desconto" na compra do veículo, e nem sequer ao dístico que se coloca no automóvel para poder ter acesso aos locais de estacionamento apropriados.

Ora, uma vez que o braço dele não se regenerou espontâneamente (algo que ele, sem dúvida, muito agradeceria) gostaria de perceber como uma pessoa sem um braço, que até agora sempre foi considerada incapacitada passa agora a ser considerado um cidadão sem direito àquelas míseras ajudas que tinha anteriormente?

E depois é ver aqueles casos de gente que recebe subsídios de rendimento mínimo e sei lá que mais, tendo dois bracinhos e duas perninhas bem capazes de trabalhar; já para não falar naqueles "deficientes" que continuamente vejo a estacionarem as suas grandes máquinas em locais reservados para que deles necessita, para irem tomar o cafézinho e evitarem caminhar mais 30 ou 40 metros.

Portanto, para além dos milagres de Fátima, antevejo que Portugal se torne agora o destino principal de todos os que tenham perdido braços, já que por cá isso não faz diferença nenhuma e são considerados cidadãos por inteiro (leia-se: sem qualquer benefício.)

4 comentários:

  1. aquelas brilhantes cabeças (talvez devido a excesso de fita-cola perto do vácuo que é o cérebro deles) devem ter pensado: "o que é que podemos fazer para minorar o estigma que os deficientes sentem?"
    e esta foi a resposta que lhes saiu

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  2. E quando alguém lhes diz:
    "toca a trabalhar" ainda ficam indignados.

    Por mim, se estes gaijos estão tão interessados no bem do país, então não seria muito pedir-lhes que dessem um braço ou uma perna pela nação!
    Querem ser deputados na Assembleia? Então temos que vos cortar um braço/perna - bora la?

    humm... se já são poucos os que lá pôem os pés, era da maneira que desapareciam todos.

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  3. Portugal realmente nunca me deixa de surpreender... e infelizmente mais uma vez pela negativa.

    Ao ponto que isto chegou... dá-se tanto a quem tudo já tem e aos coitados que tiveram um azar na vida é sempre a cortar.

    Temos deputados a ganhar 3500 euros por mês e que pouco ou nada se interessam pelo nosso País, desempregados voluntários com rendimentos minimos garantidos para que ainda menos vontade tenham de ir procurar trabalho ou alguma coisa para fazer e depois... quem trabalha e desconta, desconta cada vez mais, tem cada vez menos ajudas seja a nivel de saude, etc...

    Agora até os deficientes foram "roubados" para sustentar os altos vicios dos nossos governantes...

    Enfim... VIVA PORTUGAL!

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