terça-feira, 24 de abril de 2012

Crise no 25 de Abril

Ninguém se vê livre da tão odiada crise, nem mesmo o 25 de Abril. Parece que pela primeira vez, os capitães de Abril se recusaram a participar nas festividades desta data simbólica... e contar também com a solidariedade de alguns "dinossauros" políticos, como Mário Soares e Manuel Alegre.

Tendo eu sido um felizardo - por não saber o que foi viver em ditadura, e para quem o 25 de Abril é meramente um "apontamento" que passei de raspão com tenra idade onde as minhas preocupações seria ter um biberão à mão, e que me mudassem as fraldas - fico no entanto com algumas interrogações que gostaria que alguém que tivesse mais uma dúzia de anos em cima, e que tenha uma visão diferente.

É que... pelo que sei, não é a primeira vez que o FMI vem mandar no que cá se faz - tendo até já tirado subsídios e tal. Daí que... para todos os efeitos, quem pretender fazer disto uma grande "novidade"... será certamente por ter a memória curta.

... E não deixa de ser triste que se descubra que isto parece ser uma "doença" da qual não nos livramos, e que ciclicamente nos irá perseguir: crise e austeridade, grandes sacrifícios... eventualmente as coisas começarão a ficar melhores... entra-se na fase das megalomanias desmesuradas... vive-se que nem reis por uns tempos... até  de novo se descobrir que afinal já não há "cacau" para sustentar a coisa... e "novo reboot"...

Tal como o ciclo da vida, até aceito que isto acabe por ser inevitável e natural... no entanto, gostava de acreditar que, num destes próximos ciclos, também por cá se fizesse aquilo que se fez na Islândia: de colocar o primeiro ministro (e não só) em tribunal, para responder pelas suas acções e determinar a sua responsabilidade no rumo que o país teve.

Mais ainda! Que o resultado desse julgamente tenha sido conseguido em menos de uma dúzia de anos! Algo que por cá seria igualmente impensável...

Não seria bom que em Portugal a responsabilidade começasse a ser algo "responsável"?


... Mas voltando ao 25 de Abril, fico também com o receio de que a "velha guarda" que ainda se recorda do 25 de Abril com toda a pujança da sua juventude, adolescência, ou vida adulta, esteja agora a dar lugar às gerações para quem - como eu - o 25 de Abril acaba por ser mais uma data como "as outras"... de algo indistinto e do "passado distante".

Algo que pode ser facilmente confirmado pelo facto de muitos até imaginarem que Salazar continuava a ser o bicho-papão no 25 de Abril... quando na realidade morreu em 1970, quatro anos antes portanto.

Com esses veteranos do 25 de Abril - com todo o respeito que tenho por eles - a tornarem-se "relíquias" da história nacional, e a inevitável morte a apagá-los do nosso quotidiano ano após ano... se neste ciclo de crise da Troika nos estão a tirar alguns feriados ditos "obsoletos/irrelaventes"... quem nos garante que no próximo ciclo nem o próprio 25 de Abril escape ao corte?

3 comentários:

  1. As vezes ainda venho aqui deixar uma crítica pq não concordo com o teu ponto de vista e tento deixar o meu ponto de vista, mas desta vez concordo a 100% com o que escreveste. Sinto o mesmo relativamente ao sinbolismo do 25 Abril. Eu nem era nascido! :)

    Bem, qualquer dia tenho que te cumprimentar no jantar das francesinhas. Já te apanhei umas 3 vezes no café Lali!

    Abraço.

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    1. Este sábado lá estaremos novamente... o nosso encontro regular mensal do Aberto até de Madrugada. :)

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  2. http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_econ%C3%B3mica_de_Portugal

    "Por volta de 1860, o centro das atenções nos assuntos públicos foi tomada pela situação financeira, que atormentou Governo Português para o fim da monarquia em 1910 e ao longo da história da república parlamentar que se seguiu. A dívida pública cresceu rapidamente, quase duplicando entre 1854 e 1869, quando atingiu um nível de quase 50 dólares per capita, um peso esmagador de um país tão pobre. As joias reais foram vendidas e as reais propriedades hipotecadas, mas o principal problema era pobre governo de gestão de resíduos, a corrupção, acima de tudo, a receita extremamente baixa de uma economia improdutiva."


    rings a bell? ;)

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