Lá tinha que ser... com a época de férias a aproximar-se para a maioria dos Portugueses (ou melhor dizendo, para aqueles que ainda vão tendo dinheiro para poder fazer férias - que já não sei se serão a maioria), e na habitual tradição de bater no pessoal quando dói mais, lá começam as ameaças de más/piores notícias.
Não, nem sequer me refiro ao aumento "recorde" que se prevê no preço dos combustíveis para a próxima semana, fruto do aumento do preço do petróleo de 5% - e que a nossa autoridade da concorrência insiste em dizer que "tudo vai bem", mesmo quando se sabe que com o preço do petróleo estava a níveis que deviam atirar o preço final muito cá para baixo.
Refiro-me é à inconstitucionalidade do corte dos subsídios à função pública, que vem causar novos tumultos por todo o país, e lançar um clima de pânico e insegurança em todos os portugueses. É que, enquanto era só para "os outros", até dava para gozar com eles à boa tradição lusitana do que acontece aos outros é sempre merecido (quando é algo mau) - mas agora o caldo fica entornado, perante a perspectiva de que afinal... estamos todos no mesmo barco, e agora vai ser a doer (ainda mais) para todos.
Todos?... Calma lá... todos "os do costume", já se sabe que há sempre quem ache que não faz parte do grupo dos "todos", e que se auto-isente destes sacríficos que são pedidos a "todos". E claro, há também as muito adoradas excepções, que fazem com que alguns portugueses sejam mais "iguais" que outros... (E também não me refiro a quem ache que enquanto uns tenham que passar anos para tirar um curso superior... outros por lá atalhem a direito num único ano).
Muito haveria por dizer: o senhor presidente Cavaco Silva, que já deveria ter umas "luzes" do que é inconstitucional ou não (para além de muitos terem logo avisado isto desde início), e ter enviado esta medida para verificação prévia antes de a deixar passar; a um tribunal constitucional que diz que a medida é inconstitucional mas... "vá lá, por esta vez passa, que senão ia dar muitas dores de cabeça fazer cumprir a consituição" (será que tudo isto é um episódio para os "apanhados"? É que por vezes parece! Talvez seja mesmo para incentivar os ladrões - não os que roubam milhares de milhões e que continuam a exercer funções, mas sim aqueles que roubam umas carteiras nas ruas - de que afinal o que fazem é ilegal... mas por este ano, passa).
O que me chateia mais é que o "estado" pareça pouco interessado em resolver definitivamente aquilo que deveria resolver. Seria assim tão difícil simplificar - de uma ponta à outra - toda a monstruosa máquina fiscal, que se tornou em tal bicho de 7 cabeças que é preciso especialistas em toda e cada mínuscula área, e que mesmo eles ficam com dúvidas sobre as leis e regras a aplicar, e que como tal ficam sujeitas a "interpretação"?
Seria assim tão descabido aplicar uma percentagem igual para todos, independentemente se ganham 100 ou 1000? Uma taxa que tal como o IVA, automaticamente já faz com que, quem mais consome, mais paga.
É que, mesmo com a medida dos cortes dos subsidios de natal e férias a passarem a ser aplicados a todos os trabalhadores - e ignorando o pequeno pormenor que, por muito "igual" que isso seja, há que ter em conta que quando se aplicava apenas à função pública se tratava de um corte nas despesas; e passando a incidir sobre o sector privado passa para o lado das "receitas"... as tais onde não se deveria mexer mais - nem sequer há grandes esperanças que o dinheiro extra sirva para que os cortes possam vir a ser menores (algo que seria lógico - mas está visto que estes tempos são de pouca lógica) e aplicarem-se, talvez, a apenas um dos subsídios em vez dos dois, ou talvez apenas até parcialmente a apenas um deles.
Mas... não faz mal... porque já se sabe como tudo isto funciona. Por cá basta trocar as palavras para facilmente se dar a volta ao assunto - tal como com a proibição dos alugueres dos contadores da electricidade e água e gás; que efectivamente acabaram... passando a dar lugar a taxas de "potência", ou de qualquer outra coisa. Nos subsídios a coisa é exactamente a mesma: não é preciso procurar muito para ver que na função pública (alguns) novos contratados não têm subsídios de férias nem de natal... mas tão somente "complementos de remuneração no valor de um ordenado, a serem pagos a meio e no final do ano".
É este o Estado que temos, e que deveria olhar por todos nós. Infelizmente, estamos no ponto em que devemos ser nós a olhar bem atentamente para ele.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
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Infelizmente, a essa onda junta-se a da emigração...
ResponderEliminarPor muito que goste do meu país, não vale a pena lutar por uma utopia, que é destruída a cada dia que passa.