O Fim das Comidas Milagrosas

Vivemos numa sociedade de consumo, onde o próprio consumo se tornou numa "doença" de tal ordem que... há muito que está fora de controlo. Já se chegou ao ponto absurdo de todos saberem que as publicidades são maioritoriamente falsas, e que se abrigam por trás de uns pequenos asteriscos, letras pequenas que estão nos cartazes ou passam a voar pelos ecrãs das TVs, ou ainda em textos acelerados e quase imperceptíveis nos anúncios radiofónicos.

Foi por isso com total surpresa que no outro dia ouvi que iria passar a ser proibido publicitar qualquer tipo de benefício de saúde que por vezes vemos associados a certos produtos alimentares - a não ser que tal efeito esteja cientificamente validado e comprovado.

Ou seja, se tudo correr como previsto, acabam-se aquelas comidas que dizem que reforçam o sistema imunitário, que fazem isto ou aquilo - ou, chamando as coisas pelos devidos nomes: são as autênticas "banhas da cobra" do século XX e XXI.

No entanto, chamem-me céptico... mas só vou acreditar mesmo quando vir isso a fazer efeito. É que tomando como exemplo a indústria cosmética (que, admito, não faço ideia se tem a publicidade regulada ou "desregulada"), poderá muito bem ser possível que estes alimentos simplesmente passem a adicionar outro asterisco a dizer: com eficácia comprovada de acordo com testes laboratoriais... ficando por saber que "laboratório" é que terá dado o seu parecer. No fundo... esta boa intenção pode acabar por apenas atirar mais um novo elemento a ajudar a manipular toda esta cadeia de interesses que procura a todo o custo atrair a atenção (e o dinheiro) dos consumidores.

Talvez esteja a ser paranóico, e as entidades reguladoras afinal até estejam a fazer aquilo que são supostas fazer. Mas... perdoem-me a franqueza, vou optar por continuar a ter uma "saudável suspeição" sobre elas.


E já agora, se vão aplicar esta medida às comidas que anunciam milagres... talvez não fosse mal de seguida avaliarem os benefícios igualmente milagrosos dos combustíveis premium?