Quando se chama aos anos 20 os "loucos anos 20" há coisas em que isso se pode aplicar literalmente. Uma delas é o caso da água radioactiva Radithor, que surgiu numa altura em que se atribuía propriedades curativas aos compostos radioactivos, com consequências que desde logo se podem adivinhar que foram desastrosas.
Eben Byers foi uma das vítimas mais famosas. Tendo-lhe sido receitada a água como tónico em 1927 para recuperar de uma lesão, depressa se tornou num grande fã, promovendo-a e oferecendo-a a amigos e conhecidos, e estimando-se que tenha bebido mais de 1400 garrafas até 1930... data em que os seus dentes começaram a cair. No ano seguinte, todo o seu maxilar inferior se tinha desintegrado, deixando-o com um aspecto cadavérico, e até tinha buracos no crânio através dos quais se podia ver o seu cérebro. Eben morreu em 1932, com o seu caso a ter servido para acabar com a comercialização da água radioactiva, apesar da empresa que comercializava a água apresentar montes de apoiantes, incluindo médicos que garantiam as suas propriedade curativas.
O seu impacto só não terá sido pior devido ao seu custo elevado, que fazia com que a água fosse de consumo bastante exclusivo entre as faixas mais endinheiradas da sociedade. Mas, seguramente faz-nos pensar se, daqui por cem anos, não teremos a sociedade de então a olhar para nós e a achar atroz algumas das coisas que hoje se faz com total "normalidade".
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