quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Bicicletas Partilhadas em Lisboa

Parece que na Câmara Municipal de Lisboa andam todos às turras - ora, até aqui, nada de novo - em relação à tentativa de disponibilizar bicicletas de uso livre na cidade, à semelhança do que acontece, por exemplo, em Aveiro.

A proposta fui chumbada pelo PSD (e o partido é irrelevante, se fosse ao contrário trocavam-se os nomes e a situação seria a mesma.)

Mas o que tem piada são os argumentos que eles utilizam... desde o:
"Passam-se dias sem ver alguém a andar de bicicleta"
como "Como vai ser? O ciclista vai ter um cartaz às costas?" - em resposta à proposta de as bicicletas serem pagas com publicidade.
Para além de dizerem que "não há tradição"...

Pois, mas nesse aspecto tenho que concordar com o que diz quem apoia a proposta:
"não há tradição de andar de bicicleta enquanto não se der condições para isso"
e
"Se [o deputado Victor Gonçalves] não quiser andar de bicicleta, ninguém o vai obrigar. Agora, não queira impedir quem quer andar de o fazer"

E aparentemente a Câmara já aprovou um projecto para a construção de quarenta quilómetros de ciclovias.
Se bem que espero que tenham destino diferente daquilo que aconteceu em Espinho, em que depois do investimento feito em ciclovias em condições, essas vias foram usadas para estacionar automóveis!

Por outro lado, não sei como é possível dizer que pagar uns milhares de bicicletas vai custar 50 milhões de euros ao longo de 10 anos.
50 milhões por 10 anos = 5 milhões por ano
Se a CML comprasse 5 mil bicicletas por ano para este efeito, poderia gastar mil euros em cada bicicleta... ora, ou alguém está a meter a mão no "tacho", ou não sei como pensam justificar isto.

A tristeza é: em vez de se focarem nestes assuntos que realmente interessam ser discutidos, parece que a classe política está mais concentrada em ser irónica e sarcástica, esquecendo que devia olhar pelo bem da população... afinal, aqueles que os colocaram nos cargos que actualmente ocupam.

Ou será que acham que é aceitável que as pessoas passem horas e mais horas no meio do trânsito, num estúpido desperdício de tempo e dinheiro, com gravosas consequências ambientais?

Só vos digo... é mesmo desmotivante olhar para a política em Portugal...

6 comentários:

  1. A minha bicicleta não é para andar aí toda a gente a dar voltinhas nelas.
    Quem dá voltinhas na minha bicicleta sou só eu.

    Querem acabar com a partilha de seringas, mas a partilha de bicicletas já está bem. pois pois. Acho muito bem os senhores do PSD se terem oposto a isso.
    Só acho mal é que nas reuniões da CML falem em calão, porque nem todas as pessoas estão familiarizadas com os termos. O que vale é que o pessoal da oposição anda atento.

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  2. Mas... o que tem uma coisa a ver com a outra?

    Haver bicicletas para uso público não invalida que cada um possa ter a sua própria bicicleta.

    É apenas mais uma forma de promover esse meio de locomoção, pelo que não vejo qual o inconveniente - desde que eles me expliquem como é que pensam estourar 50 milhões nisso - já que esse valor era mais que suficiente para oferecer uma bicicleta a cada lisboeta... ;)

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  3. Carlos, tens que fazer as contas não só pelo numero de bicicletas, mas também pelo numero de voltas que cada bicicleta dá.
    Supondo que haveria 100 bicicletas (avaliando muito por baixo), teríamos um custo inferior a 140€ por dia. Supondo que estavam funcionais 8h/dia (o que mais uma vez é uma previsão por baixo pois há noite também haverá bicicletas) teriamos um custo horário pouco superior a 15€.

    15€ por hora para dar umas voltinhas não é caro, desde que não seja daquelas pasteleiras com cesto à frente.

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  4. Não estou a perceber essas contas...
    As bicicletas ficam a praticamente custo zero - ora veja-se o exemplo das milhares de bicicletas quase "dadas" quando foi para aqueles eventos de passar a ponte e tal - com publicidade e patrocinadores.

    O preço, a ser cobrado, teria que ser simbólico e muito inferior a esses 15 euros que mencionaiste... Veja-se o que acontece em Aveiro.

    Os custos seriam as infraestruturas como parques estacionamento para as biclas, e etc... mas mesmo para isso acho o orçamento um exagero. Um milhão de euros era mais que suficiente para adquirir e manter uns milhares de bicicletas em funcionamento. (Digo eu... que não sou político! :)

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  5. Acho que o problema desta conversa é, como disse ao início, porque nem todas as pessoas estão familiarizadas com os termos de calão utilizados.
    Resumindo, a única infraestrutura necessária seria o aluguer do quarto e isso já estaria incluído nos 15€
    ;-D

    gotcha!

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